“[…] Não saber quem é Jair Glass não constitui nenhum demérito. Ao longo da década de 1980, quando ele morava em São Paulo e participava regularmente de eventos e expunha em galerias, ocupou um bom espaço. Seu nome aparecia nos jornais, sua obra mereceu grandes elogios e ganhou prêmios da crítica. Acontece, porém, que Glass é uma pessoa miúda, tímida, muito modesta, incapaz de fazer poses e se dar ares de importância. São características que não ajudam ninguém a ficar famoso. Infelizmente, sucesso e fama dependem muito menos do talento e da qualidade da produção de um artista do que, em geral, se imagina. Depende fundamentalmente – isso sim – das relações que ele saiba estabelecer com as pessoas certas e da persona que consiga encarnar. Jair Glass não cuidou de aparências e nem puxou o saco de ninguém. Por isso, depois que se mudou para o litoral – onde ainda trabalha como professor de educação artística da rede estadual do ensino médio – quase sumiu de cena. Não chega a ser um injustiçado, porque alguns intelectuais continuam a admirar sua obra e alguns colecionadores a compram. Mas perdeu a visibilidade. […]”
Olívio Tavares de Araújo, crítico de arte, cineasta, curador.